É certo que o dia não é o mais adequado para dar importância ao que sinto, mas hoje sinto. E aproveito para aliviar o que tenho mantido seguro. Não é fácil. Parece, mas não é. Não é mesmo. As lembranças ainda cá estão. Os gestos que ficaram, as palavras que foram ditas, as partilhas vividas… Eu lembro-me delas. Lembro-me de ti. Lembro-me do que sentia, do que esperava. Apesar de tudo, ainda ias conseguindo fazer-me sorrir. Não eras bom nisso, longe… Mas de vez em quando conseguias. E de vez em quando eu sentia que gostavas de mim. Era bom. A música que toca neste momento faz-me lembrar os teus óculos de sol, as tardes em que me levavas à praia, o vidro do carro aberto, o sol a entrar e o teu sorriso… O sorriso que para mim era um desafio. Sim, era um desafio. Cada sorriso teu era uma vitória. Lembro-me do teu conduzir atrapalhado, apenas com uma mão, porque a outra, essa… essa estava presa a mim. Não sei se eras tu que a prendias a mim ou se era eu que não deixava que a largasses. Hoje, aquele caminho não foi bom. Não foi. Traz demasiadas recordações. Que não quero manter presentes. Não posso. Aquela casa, as cortinas que eu gosto. O jardim perfeito e o carro a sair do portão. A fila que apanhamos só porque eu não quis ir pela auto-estrada. O calor que eu não quero sentir. Onde é que eu tinha isto tudo guardado? Eu não sei… Mas tenho de saber. Porque é para lá que tudo tem de voltar. Tu não existes mais. Não existes mesmo. Esse corpo que vagueia por aí não possui a alma que eu conheci, não possui a alma que eu recordo, a pessoa de quem me lembro. O corpo que hoje vejo, que ainda passa por mim, que respira e tem a mesma vida que a alma outrora tivera é-me desconhecido. Nada me diz. Nada me faz sentir. Perdeste-te. Algures onde, tenho a certeza, nem tu sabes. Esta certeza eu tenho, não existes mais no corpo que te pertencia.
Não me perdoo por ter cedido a esta fraqueza.
Já não existes. Mas as memórias, essas eu ainda as tenho todinhas em mim. Ainda. Por pouco tempo.
Não me perdoo por ter cedido a esta fraqueza.
Já não existes. Mas as memórias, essas eu ainda as tenho todinhas em mim. Ainda. Por pouco tempo.
Ok. Aliviou. Já tenho força renovada para o resto da caminhada.
É o primeiro e único post que este blogue terá sobre ti. Prometo.
Agora sim... Podem dizer que é deprimente. Diz lá André. Agora deixo e não reclamo.
8 de março de 2009 às 01:04
passou de deprimente a puro...bolas
e sabes que podes contar comigo ;)
8 de março de 2009 às 11:09
Escreves acima de tudo com um grande sentimento. Gostava de ter essa capacidade de exprimir por palavras lógicas tudo o que sinto.
bjo***
9 de março de 2009 às 11:02
:( Achava que já estava mais lá para trás... És forte, durona, primeiro que se perceba o que vai aí, estás sempre bem, mas no fundo, talvez seja muito mais do que transpareces. Gostava de ser assim forte, e não mostrar também... Tu precisas é de uma boa dose de gargalhada, já encomendei uma, chega hoje ;)
Beijinho*
17 de março de 2009 às 19:46
"... para ela todos os dias eram iguais, e quando todos os dias ficam iguais é porque as pessoas deixaram de perceber as coisas boas que aparecem nas suas vidas sempre que o Sol cruza o céu..."
E nós, juntas, conseguimos perceber as coisas boas que existem na vida , sempre que o nosso Sol, cruza o céu ...
ADORO-TE, PEQUENA!